quarta-feira, 25 de março de 2009

Carta de um Jovem Senhor à Musa

Belo Horizonte, março de 2009.

Que lindo o outono no Rio. Mas meus sins são meus nãos (ou vice-versa). O que importa mesmo é o nosso desejo para uma vida boa. Não tem forma, principalmente nessa ciranda da paixão:
"É preciso afrouxar a roupa e recuperar o paladar."

No extremo a gente aparece com dor, com idéias, posicionamentos, dúvidas (...) somos nós em territórios e deslimites, para talvez buscar outras moradas. É é disso que não podemos abrir mão, já que essa potência de vida que se afirma é o que nos faz brilhar.

Digo potência não somente no seu estado de plenitude e alegria, mas na situação também de sentir as marcas no corpo que nos forçam a pensar onde está o nosso desejo.
Estamos sozinhos e a vida é para encontro.

Tenho muito receio, talvez pelas leituras que ando fazendo de Foucalt e Deleuze, desse poder sobre a vida ( nas suas múltiplas marcas). A mudança é com a gente, não cabe uma voz autoritária para nos aconselhar sobre o que nos falta ou sobre o que podemos ser. Temos que parar de ter medo de ficar sozinhos, já estamos, isso é fato. Reinventar amor? Também, mas sobre o nosso desejo, sobre a nossa vontade.

Mas, "gente é para brilhar e não para morrer de fome". É preciso pensar à partir do impasse o que nos permite brilhar com calma, com leveza. Sei que existem os momentos bonitos, mas é preciso considerar os limites em que perdemos a nossa alegria. Para tanto, não devemos nos violentar, nem nos julgar tanto. Somos imperfeitos e estamos em processo. Nós inventamos nossas histórias e elas devem ter a dimensão da fábula possível, com a promessa de incrementos, porém no nosso ritmo.

O bom é quando encontramos pessoas para criar junto, verdadeiros parceiros. Podemos viver sem tanto jogo? Com o coração mais aberto?
Essa é minha utopia.

Mário, O Cobra
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Mais textos do autor em: Quarando o eu na Estiagem


3 comentários:

Marcos Fábio de Faria disse...

só uma minuscaula coisa a dizer. lindo.
quito

PATRICKÍSSIMO disse...

Esse texto me fez lembrar da Sra. Lispector! Por que será? Se você encontrar a resposta, Isadora, não me mostre o caminho. Deixe apenas pistas.

Estive por aqui.

Cristiano disse...

é um texto lindo! super up! "devia estar na boca do povo!"