domingo, 3 de agosto de 2008

Reflexões sobre a loucura.

Após um mês de férias pegando onda no Havaí e balangando na rede, uma super esticadinha no Festival de Inverno como membro da excursão da Tia Eliane com a ala feminina do Hospital Psiquiátrico, estou respirada. Assim, renovando a fé, curtindo uns sons, tentando empinar pipa e, principalmente, nos aventurando a sair de casa. (Bem Los Hermanos).

Hoje, por exemplo, tá rolando o último dia do Festival de Jazz na Savassi, super evento, com estruturas patrocinadas por empresas locais e de música boa e de qualidade em espaço público, sensacional, não fosse a minha gentofobia. Andei refletindo novamente sobre as multidões. Sei lá, fiquei pensando se cada cidadão chinês quisesse ter o seu próprio carro, seria muito doido.

Há lugares que fazem parte da nossa história e Ouro Preto é um deles. Entre os acontecimentos impagáveis (nem Mastercard!) de estar com amigos de verdade, numa troca afetiva ímpar, as mesmas imagens: Festival de Inverno de Ouro Preto.

As primeiras reflexões foram sobre a loucura. Veio à minha mente uma frase de, salvo engano, Fernando Pessoa no Livro do Desassossego:

"Os únicos que dizem a verdade são as crianças e os loucos.
Pois os loucos são aprisionados, e as crianças educadas, sensíveis."


Acho que o problema com a loucura é de ser aprisionada. Talvez se não trancafiássemos nossos loucos em instituições psiquiátricas, sociais e culturais, teríamos menos gasto com a saúde pública. A loucura deve permanecer solta, pronta para ser transformada, meio Forrest Gump, atravessar continentes.

Não sei. Talvez o Cristiano Psico saiba me dizer as questões sutis em que se tangenciam a loucura e a arte. Meio Bispo do Rosário, meio Tom Zé. ( Ah, vou ficar aqui ouvindo meus Secos e Molhados, pois "louco é quem me diz"...)

E que sejam bem vindas as novas loucuras de segundo semestre, passado o Dia Fora do Tempo, iniciamos novo ano Maia, afeitos e afetos às loucuras, as novidades, as verdades, e aos bons encontros com os amigos, estes sim, geradores de potência. Que a loucura seja criativa, transformadora, produtiva, alimentadora. Uma grande mãe para a a gente mamar.