quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Por Cristiano Psico

Não Deveria Se Chamar Amor
Paulinho Moska

O amor que eu te tenho é um afeto tão novo
Que não deveria se chamar amor
De tão irreconhecível, tão desconhecido
Que não deveria se chamar amor

Poderia se chamar nuvem
Porque muda de formato a cada instante
Poderia se chamar tempo
Porque parece um filme a que nunca assisti antes

Poderia se chamar labirinto
Porque sinto que não conseguirei escapulir
Poderia se chamar a u r or a
Pois vejo um novo dia que está por vir

Poderia se chamar abismo
Pois é certo que ele não tem fim
Poderia se chamar horizonte
Que parece linha reta mas sei que não é assim



Poderia se chamar primeiro beijo
Porque não lembro mais do meu passado
Poderia se chamar último adeus
Que meu antigo futuro foi abandonado

Poderia se chamar universo
Porque sei que não o conhecerei por inteiro
Poderia se chamar palavra louca
Que na verdade quer dizer: aventureiro

Poderia se chamar silêncio
Porque minha dor é calada e meu desejo é mudo
E poderia simplesmente não se chamar
Para não significar nada e dar sentido a tudo

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Borboleta....

...Se ele era um sábio chinês
que sonhou que era uma borboleta
ou se era uma borboleta sonhando
que era um sábio chinês...(Raul)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

De uma coisa eu tenho certeza, que "o pôr-do-sol vai renovar, brilhar de novo o nosso sorriso..."

Acontecimentos bombas no fim-de-semana,empresários em pânico!

Pertencer a um bonde é uma arte:
para os sensíveis, os loucos e bêbados de Shaekespeare, os desolados,os camaleônicos e tobogânicos, os que estão em Download,os Admiradores de Geni, os que querem interagir com o mundo,com as pessoas, com as possibilidades. E é também um verdadeiro aprendizado.Parece até com aquele livro:
Um Aprendizado ou O livro dos Prazeres
de Clarice.

Um aprendizado de gente como os poetas e compositores, observadores do mundo, memorialistas, ficcionistas, e tantas pessoas sensíveis que - simplesmente - fotografam o mundo, participam de cursos e vivências de intensidades.

O olho é clínico.
A lente é afiada com o instante:
O instante sublime em que nasce a imagem.


A imagem é quente.Acabou de sair do forno.E o que seriam de nós,que usamos apenas 10% de nossa cabeça animalse não houvessem as fotografias? As nossas construções, os registros, os rituais de passagem,sobretudo, da COMPOSIÇÃO DO NOSSO APRENDIZADO,simples passo a frente na busca, aquela grande companheira que nos move. (E ainda nos molha, né Vida?)A TRAVESSIA Não saber o que tem do outro lado é que nós move?Num sei, num sei.
Mas dentro do CURSO, NO MÓDULO DE LA APRENDIZAGEM,
curiosei um novo tópico,uma aprendizagem:

AMOR FATI, Nietzsche



Amor fati é uma expressão latina cuja tradução livre seria "amor ao fado", "amor ao destino".
O significado da expressão varia conforme o entendimento dos termos fado e amor.
* A expressão aparece em Nietzsche, sendo usada como "fórmula para a grandeza do homem" e que significa:
"Não querer nada de diferente do que é, nem no futuro, nem no passado, nem por toda a eternidade. Não só suportar o que é necessário, mas amá-lo".
O termo aparece varias vezes em Gaia Ciência,
mas é neste trecho em particular citada de forma mais clara:
"Quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas: - assim me tornarei um daqueles que fazem belas as coisas.
"Amor fati" [amor ao destino]: seja este, doravante, o meu amor" Não quero fazer guerra ao que é feio. Não quero acusar, não quero nem mesmo acusar os acusadores. Que minha única negação seja ‘desviar o olhar’! E, tudo somado e em suma: quero ser, algum dia apenas alguém que diz sim."

Para Nietzsche, "amor fati" é amar o inevitável, amar o destino, amar o justo e o injusto, o próprio amor e o desamor. Ou seja,"ser, antes de tudo, um forte", sem se reclamar da vida, sendo indiferente ao sofrimento. Uma retomada do antigo pensamento grego dos filósofos estóicos."

Não sei, não sei.

Estou aprendendo.

Sabemos mesmo o que há no caminho?O real está é na travessia? E o que será que tem lá do outro lado ?
Inicei com Luis Melodia













e quero terminar com o Toninho Horta:



E no ar livre, corpo livre,aprender ou mais tentar
Iremos tentar, Vamos aprender, vamos lá!"

Manuel, o audaz
Vamos lá viajar.


Andiamo!

P.S: Dedicado ao Bonde MCL e ao Quarto Elemento
Maravilhoso.(que já pegou um...)



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sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

QUASE PASSADA !!!!

* MODERNIDADE * REVOLUÇAO DIGITAL * CASCOS CAOS MULTICOLORIDOS CÉREBROS * ARTE DE RUA * REVOLUÇÃO DOS SENTIDOS * PSICOTRÓPICOS * SARAU DE POESIA * ARTE NA RUA * ARTE NA CAMA * ARTE ARTE ARTE * POESIA HOLOGRÁFICA * CONTEMPORANEIDADE * SÉCULO 21 * PÔR-DO-SOL * JAZZ * R&b * SOUL MUSIC * AMOR VERDADEIRO * ESCÓRIA DO SISTEMA * APOLOGIA DO ABSURDO * GUARDE SEUS PENSAMENTOS MAIS IMPORTANTES * HISTORIA EM QUADRINHOS * DANÇAR NA PISTA * HARD CORE * RAGGA * DUB * BEAT BOX * POESIA NO MURO * POESIA NA CAMISETA * POESIA NA LINGUA*

Por Renato Falci Jr.

Por onde anda Isadora?

não lembro
faz tanto tempo
em uma foto talvez

a pouco passou por aqui
quem a viu foi embora
deixou apenas um rastro do sorriso

idéia que borbulha
e se mistura em seus cachos
prateados pela lua

por onde anda essa menina meu Deus?
lá pelas tantas dança
em seu teto a Via Láctea a protege
e desnuda subverte

No telhado de barriga pra cima
Olhos fechados, visões, ilusões, aspirinas, cosquinhas
Na esquina violão e vinho chapinha

Sua mão, seu punhal
alquimista das palavras
Transeunte das pautas

Não lembro quando
Foi meio displicente, casual
Isadora foi pular carnaval

Renato Falci Junior
01/11/2006

sábado, 5 de janeiro de 2008

KOANS, Histórias Búdicas

De um e-mail de Mário Fofoletudo: 33 % do Bonde e moderador do SARAU.

Koans


Por Wilson Bueno


Oito histórias búdicas em solidariedade aos monges que resistem ao regime ditatorial de Mianmar


Koans são microestórias búdicas, antiparábolas nas quais, através de esquivas “lições” iluminantes, o Zen se faz. Feito um jarro que, ao se espatifar no chão, ainda assim é um jarro inteiro desenhado no ar. Aqui, oito dessas torções de espírito, em solidariedade aos monges resistentes de Mianmar (antiga Birmânia).

1. Chuva e pó
– Mestre, para que servem as chuvas que alagam e arruínam os arrozais?
– Para que se mostrem chuvas em sua inteireza, meu jovem.
– Mas que inteireza, mestre, se elas acabam com o que temos de mais precioso – o nosso principal alimento...
– Justamente por isso, por serem o nosso principal alimento.
– Não entendo, Mestre.
– Só entenderá quando você mesmo chover sobre os arrozais.

2. O mendigo e a voz
O monge chegou a tal estado de devota mendicância que não desejou mais ter voz. Quando necessitasse dela a mendigaria ao primeiro passante. E assim permaneceu quase duas semanas. Para tudo, usava as mãos e os gestos.
Houve, contudo, o dia em que o monge-mendigo precisou da fala para recitar um antigo mantra búdico, e que só podia ser rezado de viva voz. Não hesitou e acercando-se de um velhinho que passava pela rua, com a mão na garganta fez entender que precisava falar.
– Falar?... – titubeou o ancião, a voz fraquíssima.
– Sim, falar, meu mestre ... – pediu o destituído monge-mendigo – a voz própria, forte e tonitruante.
Sem nada entender, o ancião encerrou a conversa:
– Mas pra quê, meu filho, se tens voz de sobra?
– Eu não tenho voz, mestre. Eu só tenho é um som forte e arrogante que me sai do fundo da garganta.
– Acredito... – assentiu, confuso, o velhinho, desguiando, claudicante, para o outro lado da calçada.

3. O vaso e a utopia
O jovem monge anda 70 quilômetros para ter com um mestre cuja fama já ultrapassou há muito as muralhas da cidade.
Exausto e os pés feridos pelo íngreme caminho que leva à árvore sob a qual o monge vive e medita no alto de uma montanha, o noviço, ao deparar com a magérrima figura, não perde tempo. Vai logo perguntando:
– Mestre, andei 70 quilômetros até aqui, pois fui informado de que és o único monge, em todo o Tibet, que sabe o que é o Zen.
Levantando-se com dificuldade, o velho monge apanha ao seu lado um vaso onde guarda a água da chuva. Ergue-o o mais alto que pode e deixa que caia ao chão. Estrépito, a argila a estilhaçar-se, a água entornada à terra.
– Então isto é o Zen, mestre?
E o mestre que até então não dissera uma só palavra, responde, quase solene:
– Não, meu filho. Isto não é o Zen.

4. A lágrima
O discípulo, flagrado em grave crise espiritual, tenta, do Mestre, esconder as lágrimas.
– Há coisas, Mestre, que nos fazem chorar de rir...
E todo se sacudia num pranto convulsivo, incontrolável, num inconvincente esgar de riso, tentando administrar, ao menos frente ao Mestre, o férreo orgulho.
Olhando-o firme, dentro dos olhos, o Mestre, sem esforço verte abundante lágrima, ausente dele, como é comum no Tibet, o mínimo crispar de um só músculo do rosto.
– Mestre, estás chorando?
– Estou, estou sim.
– Mas de quê, Mestre?
– De vosso riso tão extraordinariamente copioso...

5. A sede
Correu por todo o Kinpur a notícia de que um iluminado hindu se encontrava em “estado de orgasmo” ininterruptamente há mais de duas semanas, num mosteiro zen próximo a Ayantavar, no sul da Índia.
Benien, jovem monge recém-admitido entre os andarilhos-pedintes -uma espécie de “ordem” tão rigorosa que era incapaz de aceitar até mesmo os mais famosos Mestres, justamente porque eram famosos e isto, segundo eles, constítua sério empecilho-, pois o jovem pediu permissão para uma viagem a Ayantavar, com o exclusivo propósito de conhecer o monge em gozo orgásmico há duas semanas seguidas.
– Seguirei anônimo e voltarei ainda mais anônimo – comunicou ao Mestre, acrescentando que, desse modo, provavelmente arrrancaria do iluminado monge o segredo de seu espantoso orgasmo.
– E para que aspiras a tamanho orgasmo, Benien? – perguntou-lhe o superior, com um rir de olhos que era pura malícia e ainda mais pura sabedoria.
– Ora, Mestre, e alguém por acaso não o desejaria?
– Benien, o sábio de Ayantavar, precisamente ele já não o deseja mais...
– Como assim? – perguntou o jovem.
– Há mais de três dias que o iluminado hindu faleceu para esta encarnação, Benien.
– Morreu? De quê?
– De sede, Benien. Ninguém fica duas semanas sem beber água...

6. As sombras
– Mestre, por que o Avatar Supremo permite a morte, muitas vezes horrível, das crianças da Terra?
– Porque não é o Avatar Supremo que a autoriza.
– Quem autoriza, então?
– A morte só mora onde reina a sombra do coração humano.
– E então, por isso, o Avatar Supremo está isento de culpa, Mestre?
– Culpa Ele tem, mas só uma -a de haver criado o coração humano.

7. O vôo dos pombos
Nos intervalos dos exercícios com o arco-e-flecha, o Mestre treina o discípulo num jogo mágico:
– Eis nova revoada de pombos. Fixe-os bem na memória e depois feche os olhos.
– Fixei, Mestre e já estou com os olhos fechados! Quanto tempo devo permanecer assim?
Depois de esperar alguns minutos, apressa em pedir que o discípulo abra os olhos novamente.
– Agora, me diga, quantos pombos havia no céu?
– Quinze, Mestre! Se não erro, quinze!
– Estes são os teus quinze pombos porque os meus são trinta.
– E quem de nós está certo, Mestre?
– Certamente nenhum de nós. Cada qual contou os pombos que lhe interessavam...

8. O diamante azul
O jovem monge procura por todo o Tibet uma estátua do Buda que, sendo oca, abriga dentro um diamante azul. Menos por seu valor comercial do que, claro, pelo que possa representar de inédita e absoluta descoberta mística, o jovem monge decide se dedicar a esta busca quase como um projeto de vida.
Guarda consigo a certeza de que, encontrando o diamante azul no interior do Buda, terá encontrado junto a resposta a todas as suas indagações, a serenidade no fundo do poço de toda angústia, um sol que seja na furiosa tormenta.
Muitos anos se passam até o dia em que o jovem monge, não mais tão jovem assim, topa com o velhíssimo Nguyo Ling, poeta viageiro, Mestre de haicai e zen, que, por sua vez, também procura o Buda oco com o diamante azul.
– Há quanto tempo o jovem procura pela “resposta”?
– Há uns vinte anos, se não erro o tempo das nevascas quando não sabemos se dia ou noite e nos enganamos na contagem das horas.
– Pois eu, meu filho, procuro o Buda oco com o diamante azul há mais de meio século evitando sempre as montanhas geladas de nosso país, pois poderia perder nelas a contagem das horas...
– E o que tem isso com encontrar ou não encontrar o Buda? – pergunta o discípulo.
– Tem que o Buda oco com o diamante azul só se revelará a quem o busca, de modo surpreso e repentino – responde o Mestre.
– Então, nesse caso, melhor esquecer as horas...
– Não, meu jovem, não. Quem esquece as horas, e não sabe se dia ou noite, nunca será surpreendido...
– Não entendo. Não é justamente o contrário?
– A surpresa é irmã siamesa da rotina. Sem a viagem comum dos dias, nunca jamais o de repente, o súbito e o inaudito. Só quem se dedica a viver o prosaico estará sempre descobrindo o sublime.
– E então por que o Mestre não encontrou, até agora, o Buda oco com o diamante azul?
– Ora, ora, meu jovem... Então você não sabe que o Buda oco com o diamante azul nunca existiu?