terça-feira, 28 de outubro de 2008

Hilda, linda!

"Pai, este é um tempo de espera.
Ouço que é preciso esperar
Uns nítidos dragões de primavera,
mas à minha porta eles viveram sempre,
Claros gigantes, líquida semente no meu pouco de terra.
Este é um tempo de silêncio.
Este é um tempo de cegueira."


Hilda, tão atual.

domingo, 19 de outubro de 2008

Quem sou eu? Uma super resposta para o perfil do orkut.


"Não sei.

De quase tudo não sei nada.

O anjo que impulsiona o meu poema

Não sabe da minha vida descuidada" (Hilda Hilst)



Nasci em quatro de abril e sou mesmo exagerada, como dizia o Cazuza, que também nasceu neste dia. Romântica, aprendiz na modernidade, mulher de muitos cadernos, descontrolada, musa, camaleoa, de olhos clínicos, sensíveis e inaptos, odeio janelas fechadas, principalmente ao amanhecer, acompanho o por-do-sol, só aprendi a sorrir, desaprendi a chorar, não li o manual que expllique a lógica da vida (um grande conceito matemático) portanto quebro a cabeça, me emociono com o canto religioso, afeita às intensidades, adoro sinuca, amo crianças, era uma delas quando o The Smiths bombou nas rádios, cresci junto com o PT, me lembro do clipe de lançamento de Whe are the World, vi a queda do Muro de Berlim, a dissolução da URSS, a transmissão do atentado terrorista ao WTC na TV (e ao vivo) graças as maravilhas do mundo moderno,ouvi falar de várias crises vi limites se romperem, a cada momento um tipo de miséria na moda, acredito na ética e na poética, trilhei os caminhos alternativos- marginais dos eternos fãs de rock n roll e cigarros, rap, hard, black, punk, rock e punk-rock... produto do meio, década de noventa, fanzineira na Revolução Digital, em época de globalização, habitante da periferia, observadora do cotidiano, usuária de serviços, cidadã brasileira no início do século 21. Estudante universitária. Católica com um pé na macumba, herdeira de uma familia tradicional, neta de nordestina, descendente de italianos (tutti buona gente) há 500 e tanto anos, chupando o dedo e, sem identidade construída, sendo colonizada, inclusive culturalmente. Uma mistura de riquezas, mola-mestra de talentos. Presenteada com um dom, a lida com as palavras, amante delas em profunda dialética, violeira que tem certeza de que quem canta seus males espanta, me encanto com o sublime, acho que a poesia é como um blues: uma música triste que fala de felicidade, escrevi muitas palavras, muitas vozes na cabeça, vindas não sei donde, talvez do Velho Chico e suas memórias, da herança histórica, espiritual, genética, atemporal, energética dos ancestrais, místicos, lunáticos, femininos familiares de nós mulheres parindo criando, reinventando e caçando, sou ariana que não pára quieta curiosa cabeçuda brava comédia mimada procurando, procurando, procurando...isadorando.