quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Da série: O CADERNO ROSA DE ISADORA ISA

Carnaval e criatividade
andam juntos, ou não?
Sagrado e Profano,
espírito e corpo,
línguas e sons.

Os meus leitores, desde que iniciei-me
na arte da blogagem em www.maravilhosa.blig.ig.com.br
sabem que existem as séries de Isadora Isa.
Tais como os " Acontecimentos Bombas da semana",inauguro aqui, já que sou uma mulher de muitos cadernos,a série de Cadernos de Isadora Isa.
Vivos e pulsantes temos, O Caderno Único, também conhecido entre os marginais com o carinhoso apelido de CU, O Caderno Espião, e este que defloro agora,
O Caderno Rosa de Isadora Isa, O Caderno Digital e outros caderninhos.
Nem sei quem são, quantas Isadoras escreveram,
que palavras vivem ali, vamos abri-lo então, andiamo.

O Caderno Rosa de Isadora Isa

Rio de Janeiro, outono de 2002.

Primeira pergunta:
O que você está fazendo para ser feliz ?

Embarcaram para uma viagem ao Rio de Janeiro.Hospedaram-se num apartamento no bairro do Flamengo,na rua Senador Vergueiro. Este local ficou conhecido posteriormente como
Sala de Justiça, pois ali se encontravam os super-amigos.
Após tantos acontecimentos, morte, perdas, viagens, foram viajar...
( Bem Manuel o Audaz ... !)

Na Chegada à cidade, ouviu-se o Roberto Carlos no radinho: " em paz com a vida e com o que ela me traz, na fé que me faz positiva demais..." e a placa: BEM VINDO A XÉREM.

Voltaram da rua cansados, e a cidade com o clima frio pede um bom moletom,
cercados de serras que estavam.
Naquele dia visitaram a cidade de Niterói.
Foram de barca (o passeio tradicional)pela baía de Guanabara, com paisagens basicudas : à esquerda a ponte Rio-Niterói e à direita o Corcovado e Pão de Açucar.

Em Niterói, terra do rapper DE LEVE e do grupo de RAP mais doido da região - O QUINTO ANDAR -, visitaram o Museu de Arte Contemporânea, obra de Niemeyer, que parece um disco voador muito doido.
E os doidinhos cheirando "gela pé" na barca.

De dentro do Museu é possível ouvir o barulho do mar batendo nas pedras,
apreciar obras de Lígia Clark e outras coisas pertencentes a esfera do Belo.

De volta à capital, visitaram a Praça Tiradentes e o Palácio,
Na rua do Ouvidor não foram vistos os homens de cor, muito menos no Largo do São Francisco, já no teatro Carlos Gomes, além do ingresso para o show do Ivan Lins,
foi possível vislumbrar o quadro das Dançarinas do antigo Teatro de Revista.

Dias depois, no Jardim Botânico, eles tiveram vontade de se inscrever em curso de pandeiro, será que o Rio emite esta vontade de entrar pro balacobaco ??


KINJO LAIS
Kanagawa-Ken
Yokohama-shi
Tsurumi-ku
Ushioda-cho
Kurin Haitsu
JAPAN


Mês de Junho
Questionamento sociólogico:

Dependendo da crença de uma pessoa ela reage a determinadas ações.

O que forma a crença das pessoas? Como mudar esta crença?

Fim do mês de Junho, 2002

Dentro do ônibus em direção à São Paulo, capital.
As últimas cidades pelas quais passamos, entre BR 116 e rodovia
Régis Bittencourt, foram: Gramado-Canela-Dois Irmãos-Ivoti-São Leopoldo-
Novo Hamburgo...quase chegamos a Porto Alegre...erramos o caminho, pode?
Voltamos por Caxias do Sul, Garibaldi...

Da beirada da janela, os olhos fotografavam as paisagens.
Clichezaço pra dizer que a curiosidade é que viaja,
que os olhos é que enxergam, alimentando nossas memórias de cenários,
o filme real, o fuso diferente, deslocamento no espaço.

Entramos em Santa Catarina para ver o jogo da Copa do Mundo.
O lugar chamava-se Rio da Estiva, município da serra gaúcha.
Era de madrugada e o espaço amplo, fazia muito frio,
fomos atendidos por uma família local, que trabalhava ali à beira
da estrada. O jogo foi ótimo, o Brasil passava para as quartas-de-finais,
eliminou a Inglaterra vencendo de dois a um, putz, perdi o bolão !

Seguimos viagem por Santa Catarina, estávamos próximos da fronteira com o Paraná.
Reparou-se que - no caminho os municípios se sucediam... Itapólis, Ponto Alta do Norte...

Acordei já em Ribeira, interior do estado de São Paulo, no Vale do Paraíba.
Passamos por Miracatu, subimos a Serra da Cantareira com "uma vegetação linda",
era o que todos diziam.

No fundo, ela dizia:

"Fiquei aqui dependurada na janela do ônibus o tempo todo.
Acho que medi a Régis Bitencourt todinha com meus olhos... pegamos um puta nevoeiro na Serra de Santa Catarina, mas no interior de São Paulo, o sol já estava quente.
A beira da estrada ainda está bem verdinha, apesar do outono que queima as plantas.
Vi uma fábrica à beira da estrada no Rio Grande do Sul, iguaizinhas àquelas dos filmes de Charles Chaplin.
O sul do país é muito frio,os "ventos" das histórias de Érico Veríssimo que
trazem presságios em suas narrativas, deixam de ser apenas
figuras de linguagem e tornam-se friagem para nós reles mortais"
Dizia:
- O Sul é muito frio.E 'muito frio' abriga duas opções: isolar as pessoas ou uní-las!

Na Serra da Cantareira...córrego Pirajuçara... e todos aqueles municípios e rios com nomes indígenas.

A ALEGRIA DE PERDER-SE É UMA ALEGRIA DE SABÁ !


HISTÓRIAS URBANAS: INFERNINHOS UNIVERSITÁRIOS.


Só as figuras diferentes tiveram a oportunidade de vê-la.
Tinha uma esmalte preto nas unhas há 24 horas, aquelas mãos escreviam.
As antenas são assim sempre: estão no lugar em que têm que estar para
canalizar as energias - cibernético - dar respostas.
O Caderno Rosa era inaugurado naquela tarde e muitas pessoas passaram
através daquela antena.
Estava de tinta nos cabelos, portava músicas e poesias.
Era inaugurada a Época dos Inferninhos universitários e g-r-a-d-a-t-i-v-a-m-e-n-t-e
ia perdendo o medo.
Arriscou no escuro, pisar o desconhecido com uma mediunidade urbana, estava chegando.
Mais um vôo rasante de ANA C. - e nem aí! - a falta de destino era álibi e no fundo,
todo mundo desconfiava que sabia muito bem onde queria chegar.
A melhor maneira de mentir para os outros era dizendo a verdade
ninguém acreditava.

Quem vê nem acredita nas características daquele lugar, o inferninho vespertino da faculdade.As recorrências do demônio se davam através de uma imagem pintada na parede, um lúcifer na posição freudiana.

Como se a deusa Gaia chamasse seus filhos de volta a ela novamente, como se Gaia tivesse nos ofertado a vida e nossa vida retornará a ela, através da energia tudo retornaria para a energia primeira dela.

Nos inferninhos vespertinos, depois que a fumaça abaixava,
o olhar se abria mais,a energia ficava leve.

No fundo, ela ainda era uma incógnita com sua pulseira de Lavras Novas
e seu anel de côco.

PERSONAGENS

Um rapaz afeiado, com sorriso de professor de literatura, homossexual; um estudante de Grego e um que era chamado Lobo: agressivo, institucionalizado, para quem "falar de infância" era falar de pré-história.A palavra, o Verbo parava nele.
Era pesado, meio nuvem negra - meio luz.
Ninguém sabia de onde ele vinha, andava meio que emparelhado com o demo.
As relações se davam paralelas, determinadas por alguns símbolos.
Nesse mundo é fácil de chegar, parece que a inércia os atraía.

Nada de muito significativo nos transeuntes, uns homossexuais, malucos, vagabundos,
jovens, imigrantes, garotas ,drogas.

Cada um com sua loucura.
E seu sofrimento.

Muitas antenas funcionavam ao mesmo tempo e
isto era bom ao mesmo tempo emparedava a energia da gente.

O telefone tocou e o díalogo foi assim:
- Me indica um livro para mudar a Vida ?
- A Paixão Segundo G.H.

Clarice Lispector nos chamava, mas o primeiro encontro foi doído.
(?)
Só o primeiro capítulo please, ainda não.Após vinte e quatro horas, choravam em prantos pelo campus.

NAS PAREDES,OS CONCEITOS. NO MUNDO, OS CONCEITOS.

Naquele inferninho tinha uma cadeira em miniatura colorida de um rosa leve, feita para os pequenos amigos sentarem, tais como duendes, fadas e outros seres, e você então poderia dialogar com eles.

A vida estava pendurada numa nota de dinheiro,
e o dinheiro era apenas um pedaço de papel ( Arnaldo Antunes)
o suporte em que se experienciava o mundo.
Havia manhãs naquela época, era permitido.

Nada era interdito, nem mesmo os ares de cortesã, de menina mulher, malsã.
Ela estava excluída do contexto de ser perseguida pelo amor, ela era a fera.
Na doçura e no peso, inspirava a impossível oquidão de um ovo.
Tentava, conhecer o fulgor das trevas, a beleza do que não dá pra enxergar,
como negar olhar para um quadro, as perfeitas formas de beleza.

Naqueles ambientes era possível conhecer os poetas, artistas anônimos, que
todo mundo da faculdade conhece...tocavam música brega, daquelas que a gente ouve
quando vai dar faxina, e tantos como Rimbaud,Kerouac,Frejat,Cazuza,
Clarice, Allen Ginsberg,Billie Holliday, Chet Baker, Janis Joplin.

DEZEMBRO

No inferninho universitário rolava música cubana.
O capeta continuava rondando. A energia subia pela espinha,
não ouvíamos o chamado de Clarice.

As unhas? Acabaram.
Era o planeta nômade dos DJs, caminhando desde o mundo dos esquimós.
Doçura, chegou o Natal, que não tem um conceito POP.
Pop é esperar pelo Natal. O amor é Pop ?
Quem continua a sua obra ? E você continua a obra de quem ?
Ciência ou sensibilidade?

Fecha a cortina!
Agora os estímulos são outros, muda o plano, processa as imagens,
que sentido ela te dá?
E depois das antropologias ?

A sensibilidade: o céu dos esquimós em certos momentos permanecem
lilases por muitos dias.
Nada dito, aqui proibido.
Nada de fera, só conceitos supostos de matéria.
Não deixa ver nada de transparências.

Agora, ela já era vista com figurinhas de chicletes na mochila,
drogada deitada na grama do campus, tentando se esconder da luz.

No palco do teatro a gente tentava sempre se esconder da luz,
mas a pressão elevava-se novamente e alguns transeuntes já tinham
visto que ela andava escrevendo pelo mundo: fotografando as imagens.
Criando roteiros.

" ESTAMOS EM OZ, ENTÃO QUAL É A DIFERENÇA?"


Janeiro, 2003

Naquele tempo era vista caminhando junto aos seres que
frequentam o Edíficio Malleta ,transviados,fãs de James Dean e drogas na noite do centrão da capital.
Traficantes, universitários, funcionários públicos e gente buscando amor.
Em direção ao alto da Avenida Afonso Pena, procurar o que tinham em
mente, a cidade iluminada.

Política, poesia, falta de rumo eram assuntos da pauta do dia.
"Chutar o tempo, dentro do templo".

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