quinta-feira, 15 de maio de 2008

SINGELO

dama daminha
d’amá-la haverei
entre tantas.
entre nós,
o coração vaga sem cessar.
fino trato
toque tato
és um taco
tasco descolado
do tic tac
do meu coração.


tecer a teia
com fio fluido
inflável
um casulo casaco
um samba legal
pra nos cobrir com carinho.



insinuante cidadã,
que por aqui tricota
nos becos aos beijos UAU
chamá-la arriscarei
no meio da madrugada
rouco embriagado
limpando as unhas
com um punhal.


não me atirarei em poças
d’água não espere isso de mim
não desaparecerei impunemente da vida
me atirando num buraco.
a vida avoa e vai mais longe
até o fundo do poço.
cuidado moço
pra não falar a palavra errada
cuidado cantor.


de vez em quando
vem um vento bobo
e sopra: é preciso acreditar.
é preciso ter uma paciência revolucionária.
é preciso ter uma fé inquebrantável.
é preciso ter fantástica felicidade.


de vez um quando
vem um troço tolo
trazendo toleimas.
da medula do cavalo
inter cep tarei
tuas noites vespertinas
diana das noites da vila,
caçadora má,
bruxa malévola.
decépa-me o crâneo
e guarda de recordação
como aquela mulher da bíblia,
a salomé.
salamaleicon
camaleoazilda
descozilda pela vida
conceição da imaginação
cruzeiro do firmamento.


de vez quando
vem um vento
ventríloquo
soprar frases feitas
na enfermaria do tempo
frases feitas
na enfermaria do tempo.
frases feitas
na enfermaria
do tempo
do tem
do...


dama daminha
adoro teu português castiço
você me atazana, tesouro
você é zarabatana
no olho do inimigo
linda linda linda
ainda longe de mim.
por quantos séculos
quantas medidas de tempo
passearemos apressados
grilados
até que um momento
de bobeira
caia sob medida pra gente
cabelo no pente.


- chacal, drops de abril.
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Da série sons do Blogue: publicadíssimo ao som de
THE SMITHS ( e a alegria deste som é toda nossa!)
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