terça-feira, 16 de dezembro de 2008

The Uncle

Naquele momento, o único lugar em que ele queria estar era lá, perto de um objeto; mesmo sem saber onde amarrar a conta mestra no tear. Naquela época, chovia a cântaros na cidade, numa visão macro os fenômenos meteorólogicos apresentavam relações e, na verdade, aquilo era um acontecimento só. Diante do ocaso e do incidente, de um trânsito caótico, da vivência do ritual católico, os cantos da cidade onde estão os teares, e até os passarinhos nas árvores, agradeciam as chuvas então, "pelo menos lavam o pó!". Chuvas homéricas, amores platônicos, cânones poéticos, questões éticas pairavam sobre a cidade. De mão em mão a poesia girava, foi assim mesmo quando ele recebeu um e-mail com textos de Hilda, que versavam sobre ausências, desconstruções, paixões, alos , mas também sobre vivências, definicoes, acasos e cavalos. ( E eu, mesmo aqui tentando não consigo lembrar onde é que no texto de Hilda, ela se referia a um "barco de asas..."). Naquele século, a Revolução Digital já grassava, novas 'criaturas' surgiam e fielmente reproduziam a mesquinhez de umas eras já ultrapassadas. Estranhamente, se deslizassem certo, ao mesmo tempo em que viviam a embriaguez do moderno, alguns seres ainda produziam o afeto. Naquele momento, passava-se já o tempo de acreditar, nada mais era surpresa ou algo para qual se pudesse atentar, só para raros ainda era interessante observar. Por isto, talvez fosse por isto, que naquele momento, o único lugar em que ele queria estar era lá, perto de um objeto.

Nenhum comentário: