sábado, 24 de maio de 2008

TEM QUE SER VAGABUNDO

... " Viajei e voltei pra você voltei pelos locos
voltei pelos pretos e pelas verde conseqüentemente
meu deus é quente
é desse jeito

ei você sonhador que ainda acredita liga nois
eu tenho fé amor e afeto no séc 21
onde as conquistas cientificas, espaciais, medicinais,
e a confraternização dos homens
e a humildade de um rei serão
as armas da vitória para a paz universal

ei pé de breque vai pensando que ta bom
todo mundo vai ouvir
todo mundo vai saber

se eu me perco na noite eu não me acho no dia,

Faz assim com o meu coração
minha mente é um labirinto
e meu coração chora,
chora agora ri depois

vem comigo nego vem comigo
ta tudo ai pra nois é só saber chegar
vem comigo nego, vem comigo nego.

com deus no coração o resto nois resolve
liganois demoro jão.



Racionais MC's


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Em homenagem a periferia, onde a fé tem que ser mais forte do que nos centros.
Onde a vida é maior ou foge mais ao contento ?

Sei lá mano, liga nóis.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

O SARAU QUE EU MATEI PORQUE TÔ DODÓI SERIA: LETRA DE MÚSICA É POESIA ?

"Coração americano
Acordei de um sonho estranho
Um gosto, vidro e corte
Um sabor de chocolate
No corpo e na cidade
Um sabor de vida e morte
Coração americano
Um sabor de vida e morte

A espera na fila imensa
E o corpo negro se esqueceu
Estava em San Vicente
A cidade e suas luzes
Estava em San Vicente
As mulheres e os homens
Coração americano
Com sabor de vidro e corte

As horas não se contavam
E o que era negro anoiteceu
Enquanto se esperava
Eu estava em San Vicente
Enquanto acontecia
Eu estava em San Vicente
Coração americano
Um sabor de vidro e corte"

Esta latinidade que arrepia,
este som esta rara Alegria
que já marcou e imortalizou a nossa Poesia.
Poesia de Minas: Mina de Poesia.
SOU DO MUNDO
SOU MINAS GERAIS.

E MAIS...
MUITO MAIS.

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Da série: Sons do Blogue - CLUBE DA ESQUINA. Emocionante.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

SINGELO

dama daminha
d’amá-la haverei
entre tantas.
entre nós,
o coração vaga sem cessar.
fino trato
toque tato
és um taco
tasco descolado
do tic tac
do meu coração.


tecer a teia
com fio fluido
inflável
um casulo casaco
um samba legal
pra nos cobrir com carinho.



insinuante cidadã,
que por aqui tricota
nos becos aos beijos UAU
chamá-la arriscarei
no meio da madrugada
rouco embriagado
limpando as unhas
com um punhal.


não me atirarei em poças
d’água não espere isso de mim
não desaparecerei impunemente da vida
me atirando num buraco.
a vida avoa e vai mais longe
até o fundo do poço.
cuidado moço
pra não falar a palavra errada
cuidado cantor.


de vez em quando
vem um vento bobo
e sopra: é preciso acreditar.
é preciso ter uma paciência revolucionária.
é preciso ter uma fé inquebrantável.
é preciso ter fantástica felicidade.


de vez um quando
vem um troço tolo
trazendo toleimas.
da medula do cavalo
inter cep tarei
tuas noites vespertinas
diana das noites da vila,
caçadora má,
bruxa malévola.
decépa-me o crâneo
e guarda de recordação
como aquela mulher da bíblia,
a salomé.
salamaleicon
camaleoazilda
descozilda pela vida
conceição da imaginação
cruzeiro do firmamento.


de vez quando
vem um vento
ventríloquo
soprar frases feitas
na enfermaria do tempo
frases feitas
na enfermaria do tempo.
frases feitas
na enfermaria
do tempo
do tem
do...


dama daminha
adoro teu português castiço
você me atazana, tesouro
você é zarabatana
no olho do inimigo
linda linda linda
ainda longe de mim.
por quantos séculos
quantas medidas de tempo
passearemos apressados
grilados
até que um momento
de bobeira
caia sob medida pra gente
cabelo no pente.


- chacal, drops de abril.
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Da série sons do Blogue: publicadíssimo ao som de
THE SMITHS ( e a alegria deste som é toda nossa!)
<

terça-feira, 13 de maio de 2008

... e somos tão espectadores das possibilidades da vida

"Todos esses que à força de correrem após si, foram de novo tomados da paixão de ser, e aos quais a própria lucidez levou a procurarem o máximo de cegueira." (Francis Jeanson)


Quando Jozu descobriu que cagaram no fundo do poço seco, que ele tanto estimava,ficou indignado e correu a perguntar à Josuelda se tinha sido ela.

Jozu é personagem da Grande Hilda, aquela que em vida foi parceira da Poesia e em morte é parceira da Isa.
Jozu vivia Vida simples e dividia a parceira Josuelda, com Guzuel, outro personagem do conto, ambos transavam com ela. Viviam no mato e dividiam o espaço, mas o poço seco de Jozu era sagrado.

Jozu tinha um rato mágico, que levava para se apresentar na esquina dos homens.
Lá, Jozu-encantador-de-ratos, encantava aos homens com suas habilidades. Estes homens que se deixavam encantar usavam botinas e roupas de militares, mas foram feitos espectadores das piruetas do rato mágico de Jozu.

O poço seco é a metáfora do sagrado e do intocado, onde Jozu podia ficar sozinho e viver sonhos grandes com seus ratos artistas e devaneios com o mundo dos homens.

Menina na Rede, é a metáfora do balanço. Do sacolejo da Black Music, das conexões com o mundo a partir desta grande rede. E tal como roteadores, dados, bits, códigos, e o planeta terra, tudo muito vivo e em movimento.

Menina na Rede balanga e balanga e não pára de balangar, pura inércia do movimento, da comunicação, do contato. De vez em quando até pára, e permanece. Desliga o computador e a rede fica.( em off)
A rede fica sem pescar os grandes peixes, sem balançar nos rebolados, sem transmitir os dados.

Depois de uma grande balada, vamos todos descansar, Já que a Vida é grande e pesada, e uma grande dose de vida, sem gelo, chapa.

Nesta noite, Jozu ficou indignado porque cagaram no lugar de seus sonhos, mas sei também que ele frita ovos e limpa o poço.

Nesta noite, não vamos balangar mas ficar à espera do Outono dos lindos céus altos, eu e Jozu, vamos dormir no lado de dentro, bem dentro do Poço Seco. De lá sairão novos números de ratos artistas-encantados para brindar a realidade na esquina dos Homens, mais que isto, ficaremos no Poço Seco a expectar as possibilidades da vida.





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terça-feira, 6 de maio de 2008

Objetos perdidos, poéticas achadas.

"Eu te vejo sair por aí
Te avisei que a cidade era um vão"



Quando eu me vejo, já saí por aí.
da Praça da liberdade, ao campus da universidade
pelos vãos da cidade.
Os letreiros a poluir, as imagens que surgem então
são os senões, o trânsito caótico, a emoção.

E pensar que queria brincar,
de cabocla, de caloura, de mocinha-mulher.
Nos detalhes, que eu deixava de olhar.
a poesia querendo passar.

Na inversão das VITRINES DE CHICO,
quando quem olha é que é visto,
inversão de olhares é isto:
ou mais que isto.

E, na calorosa calourice da Isa
educando os olhos pra enxergar mais ainda
encontrei objetos esquecidos: sacolas, cosméticos,
cartões de banco perdidos.

E eu que buscava os efeitos,
prontamente me propus a devolver os objetos.
Devolvê-los aos donos, ao certo, pois só os objetos
não são, sozinhos, poéticos.

Eles é que me acharam, para tutelar sua permanência
e concluir a dádiva de fazê-los girar e ser devolvidos
aos seus donos.

Enquanto isto, nas vitrines expostas ao reflexo,
quero aprender é com Chico: CATAR A POESIA
QUE A VIDA ENTORNA NO CHÃO.

Viviane Mosé

quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele soprando sulcos?
o tempo andou riscando meu rosto
com uma navalha fina

sem raiva nem rancor
o tempo riscou meu rosto
com calma

(eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença)


acho que a vida anda passando a mão em mim.
a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.
acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim

e por falar em sexo quem anda me comendo
é o tempo
na verdade faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás

um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos

acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando


muitas doenças que as pessoas têm são poemas presos
abscessos tumores nódulos pedras são palavras
calcificadas
poemas sem vazão

mesmo cravos pretos espinhas cabelo encravado
prisão de ventre poderia um dia ter sido poema

pessoas às vezes adoecem de gostar de palavra presa
palavra boa é palavra líquida
escorrendo em estado de lágrima


lágrima é dor derretida
dor endurecida é tumor
lágrima é alegria derretida
alegria endurecida é tumor
lágrima é raiva derretida
raiva endurecida é tumor
lágrima é pessoa derretida
pessoa endurecida é tumor
tempo endurecido é tumor
tempo derretido é poema


palavra suor é melhor do que palavra cravo
que é melhor do que palavra catarro
que é melhor do que palavra bílis
que é melhor do que palavra ferida
que é melhor do que palavra nódulo
que nem chega perto da palavra tumores internos
palavra lágrima é melhor
palavra é melhor
é melhor poema


* Poemas do livro Pensamento do Chão, poemas em prosa e verso.
Por Mario Fofoletudo.
"As traduções são como as mulheres: as fiéis não são boas, e as boas não são fiéis..."

Eu sou fiel e sou boa.
E não sou uma tradução, sou mulher,
em muitas versões.

e um viva às exceções.

sábado, 3 de maio de 2008